sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Diogo Nogueira: Deixa eu Te Amar

Deixa Eu Te Amar 


Diogo Nogueira


Quero ir na fonte do teu ser
E banhar-me na tua pureza
Guardar em pote gotas de felicidade
Matar saudade que ainda existe em mim

Afagar teus cabelos molhados
Pelo orvalho que a natureza rega
Com a sutileza que lhe fez a perfeição
Deixando a certeza de amor no coração

Deixa eu te amar
Faz de conta que sou o primeiro
Na beleza desse teu olhar
Eu quero estar o tempo inteiro

Quero saciar a minha sede
No desejo da paixão que me alucina
Vou me embrenhar nessa mata só porque
Existe uma cascata que tem água cristalina

Aí então vou te amar com sede
Na relva, na rede, onde você quiser
Quero te pegar no colo
Te deitar no solo e te fazer mulher

Deixa eu te amar
Faz de conta que sou o primeiro
Na beleza desse teu olhar
Eu quero estar o tempo inteiro


http://www.vagalume.com.br/diogo-nogueira/deixa-eu-te-amar.html#ixzz1lLu4KfgJ

Paula Fernandes: Pra você

Pra VocêPaula Fernandes


Eu quero ser pra você
A alegria de uma chegadaClarão trazendo o diaIluminando a sacada
Eu quero ser pra vocêA confiança o que te fazTe faz sonhar todo diaSabendo que pode mais
Eu quero ser ao teu ladoEncontro inesperadoO arrepio de um beijo bomEu quero ser sua paz a melodia capazDe fazer você dançar
Eu quero ser pra vocêA lua iluminando o solQuero acordar todo diaPra te fazer todo o meu amor
Eu quero ser pra vocêBraços abertos a te envolverE a cada novo sorriso teuSerei feliz por amar você
Se eu vivo pra vocêSe eu canto pra vocêPra você 

Efeitos (part. Cristiano Araújo) Jorge e Mateus

Efeitos 
Seus efeitos ainda dominam em mimas lembranças só me distanciam do fimda batalha travada em tentar te esquecerte vejo nos meu sonhosme devolvendo o céuentão sinto na boca o gosto do melque eu sentia sempre que beijava você
só sei que esse romance ainda vive em mimo efeito do seu beijo me deixou assim, assiiimmpreciso de um remédio que cura essa saudadeque diminua a dor que no meu peito invadique me cura ou me ajude a esquecer
preciso de um antídoto que salve esse amorque tire os sintomas que me causem dor
eu não sei mais o que vou fazerse pra curar o meu remédio é você
seus efeitos ainda dominam em mimas lembranças só me distanciam do fimda batalha travada em tentar te esquecerte vejo nos meu sonhosme devolvendo o céuentão sinto na boca o gosto do melque eu sentia sempre que beijava você
só sei que esse romance ainda vive em mimo efeito do seu beijo me deixou assim, assiiimmpreciso de um remédio que cura essa saudadeque diminua a dor que no meu peito invadique me cura ou me ajude a esquecer, ieiee
preciso de um antídoto que salve esse amorque tire os sintomas que me causem dor
eu não sei mais o que vou fazerse pra curar o meu remédio é você
preciso de um remédio que cura essa saudadeque diminua a dor que no meu peito invadique me cura ou me ajude a esquecer
preciso de um antídoto que salve esse amorque tire os sintomas que me causem dor
eu não sei mais o que vou fazerse pra curar o meu remédio é você
Seus efeitoos, seus efeiitoos

Tradução da música de Alanis Morissette: That I Would Be Good


That I Would Be Good
That I would be good even if I did nothing
That I would be good even if I got the thumbs down
That I would be good if I got and stayed sick
That I would be good even if I gained ten pounds
That I would be fine even if I went bankrupt
That I would be good if I lost my hair and my youth
That I would be great if I was no longer queen
That I would be grand if I was not all knowing
That I would be loved even when I numb myself
That I would be good even when I am overwhelmed
That I would be loved even when I was fuming
That I would be good even if I was clinging
That I would be good even if I lost sanity
That I would be good whether with or without you

Que Eu Esteja Numa Boa


Que eu esteja numa boa, mesmo se não fizer nada
Que eu esteja numa boa, mesmo quando nada estiver legal
Que eu esteja numa boa, mesmo se ficar e continuar doente
Que eu esteja numa boa, mesmo se engordar 10 quilos

Que eu esteja bem, mesmo se estiver falida
Que eu esteja numa boa, se perder meu cabelo e minha juventude
Que eu seja grandiosa, se não for mais a rainha
Que eu seja grandiosa, mesmo não sendo sabe-tudo

Que eu seja amada, mesmo quando me entorpeço
Que eu esteja numa boa, mesmo sendo oprimida
Que eu seja amada, mesmo quando estiver enfurecida
Que eu esteja numa boa, mesmo sendo pegajosa

Que eu esteja numa boa, mesmo se perder a sanidade
Que eu esteja numa boa, com ou sem você

A Linda História da Aldeia Encantada


ALDEIA ENCANTANDA

Era uma vez um jovem casal de cientistas.

Eles viviam numa grande cidade e trabalhavam nos laboratórios da Universidade. Haviam se tornado cientistas porque gostavam de estudar. Seu maior sonho era viajar em busca da ALDEIA ENCANTADA, uma linda história que conheciam desde crianças.

Trabalharam, trabalharam, até que puderam construir um barco capaz de enfrentar o alto mar. O barco era lindo, com velas coloridas e todo conforto. Havia até mesmo um motor auxiliar, para que eles pudessem enfrentar as tempestades ou navegar quando não houvesse vento para suas velas.

Finalmente, chegou o dia em que eles decidiram sair em busca da ALDEIA ENCANTADA. Até então, eles haviam acumulado conhecimentos e equipamentos para todo tipo de pesquisas. Despediram-se dos seus amigos e muita gente chorou de emoção. O jovem casal era muito querido na comunidade.

Como indicação levavam, apenas, o sonho de criança e a confiança nas Estrelas do Céu. Assim, viajaram por muitos oceanos, viram muitas terras e gentes. Conheceram os perigos dos mares bravios, viram toda sorte de fenômenos, animais estranhos e gigantescos. Certa vez foram acompanhados, quase uma semana, por um bando de golfinhos que pulavam em torno do seu minúsculo veleiro e brincavam com o jovem casal. Paravam pouco tempo em cada lugar. Não perguntavam pela ALDEIA ENCANTADA, porque não queriam arriscar o sonho de seu coração com pessoas que não queriam compreende-los.

Assim, já haviam percorrido muitos lugares e sua alegria já estava se acabando. Passavam o dia cuidando dos afazeres da viagem, mas já não conversavam muito. Havia em seu semblante um pressentimento de que estavam chegando ao término da jornada e isso os deixava com um misto de tristeza e sobriedade.

Um dia avistaram uma terra na qual se destacava uma montanha muito alta. Em torno do pico da montanha as nuvens faziam anéis e do seu cume saía uma fumaça branca.

Sentiram o coração bater mais apressado e rumaram para a terra, com a segurança de quem sabia o que estava fazendo. Além da praia de areias alvíssimas, via-se uma luxuriante vegetação e, bem no fundo, na encosta da montanha, mais alto que o nível do mar, uma cidade!

Pelas estradas que atravessavam a vegetação, vinham caminhando os habitantes da Aldeia que há muito haviam visto o barco chegando.

A recepção foi alegre e o jovem casal sentia-se à vontade, como se estivessem sendo esperados. A língua que aquele povo falava era muito estranha, não se comparava com nenhuma das línguas conhecidas. Mas o interessante é que não havia dificuldade para eles se entenderem! O jovem casal se instalou numa modesta casinha e desembarcou todo seu material de pesquisa. Sabiam agora que aquela era a ALDEIA ENCANTADA! Haviam chegado ao seu destino.

Como eram cientistas eles faziam muitas perguntas aos moradores, mas eles pareciam saber muito pouco a respeito de si mesmos. Tudo que eles procuravam saber recebiam como resposta, que quem poderia informar era o Velho Sábio que morava numa colina acima da ALDEIA.

Chegou o dia em que eles decidiram procurar o Velho Sábio. Não foi fácil chegar até ele. Os moradores pareciam ter ciúme ou medo dele, e só a custo conseguiram o guia que os levaria até lá. O guia também estava com medo, e vacilou muito levando-os por muitas horas, por caminhos diversos do que pretendiam.

Eles começaram a se cansar, e já estavam para desistir quando depararam com uma linda casinha e ouviram a voz do Velho Sábio!

Estacaram medrosos e surpresos. Na porta estava um velho portentoso, de ombros largos e feições bondosas. Usava uma barba branca que combinava com seus alvos cabelos, formando uma moldura suave para seu rosto bom.

“– OH, MEUS JOVENS CIENTISTAS! Exclamou ele com voz forte. Sejam bem vindos à ALDEIA ENCANTADA! Vamos, entrem”.

Diante da figura imponente do Velho Sábio, o jovem casal sentiu-se pequeno e amedrontado, a ponto de gaguejar. Agarradinhos um ao outro, foram entrando na modesta sala, ao mesmo tempo que balbuciavam:

– Viemos de longe em busca desta ALDEIA e gostaríamos de saber sobre ela. Disseram-nos que o senhor nos diria tudo o que sabe. Ao mesmo tempo gostaríamos de fazer o que pudéssemos. Sentimos que, também, temos alguma coisa a fazer aqui.

É verdade, disse o Velho Sábio, estou pronto a dizer tudo que somos aqui. E passou a contar a eles a triste história da ALDEIA ENCANTADA.

Eu fui um grande pirata, muito temido, e aqui cheguei há muitos anos. Somados esses anos, com os que eu tinha, eu hoje já tenho duzentos anos de idade. Aqui cheguei no auge de minhas forças e, com meus homens eu causei uma grande destruição. Aqui vivia um povo humilde e amoroso. As ruas tinham lindas árvores e caramanchões de flores. Todas as casas tinham jardins que eram cultivados com carinho pelos Aldeões. Do alto daquele morro descia uma torrente de água, formando uma linda cascata. Nas noites de luar, os habitantes vinham assistir à Dança dos Encantados que se realizava na praça central. Essa dança era um contato com a Força da Lua e, através dessa energia, os Encantados vinham saudar o povo da ALDEIA.

Às vezes – continuou o Velho Sábio – eu ficava muito triste pensando nas coisas mal feitas que fizera antes de conhecer esta Aldeia...

– Como? Interrompeu o jovem cientista.

– Então o senhor já fez muitas maldades?

– Sim! – Respondeu o antigo pirata – Já fiz muita destruição, principalmente aqui, quando cheguei com intenções de esconder o meu tesouro.

– Tesouro? Então o senhor tinha um tesouro, era um homem rico?

Sim e não, foi a enigmática resposta. Como o meu jovem deve saber, piratas matavam para roubar e acumulavam o fruto de seus roubos em peças de ouro, jóias e pequenos objetos. Armazenavam tudo em pequenas arcas e procuravam um lugar ermo onde as enterravam. Assim, eu vim parar nessa ALDEIA ENCANTADA. Ancorei o meu navio na enseada e o povo veio me receber todo feliz. Eu, porém, reagi com truculência e meus homens, encharcados de rum, atacaram a todos com ferocidade. O povo, então, aterrorizado, fugiu para as montanhas e procurou proteção no Velho Pajé...

Velho Pajé? Quem era ele?

Logo vocês ficarão sabendo. Respondeu pensativo o antigo pirata. Quando eu soube que o povo estava se refugiando junto ao Velho Pajé, eu estava com meus homens aproveitando a ausência dos habitantes e saqueando a ALDEIA. Destruí muita coisa e, com isso, as flores murcharam, os jardins ficaram espezinhados e a cascata parou de correr.

– Então, o que o senhor fez?

– Fui atrás do Velho Pajé.

– Mas o que foi que o motivou a se arriscar? Afinal, o senhor tinha a ALDEIA nas mãos e não sabia o que iria encontrar lá em cima.

– Ninguém me motivou coisa alguma. Fui por conta própria. Meus homens eram supersticiosos e não se sentiam encorajados a subir. Fui e tive a maior das minhas surpresas.

– Naturalmente o senhor conseguiu vencê-lo, não foi?

– Não, meu jovem! Ao contrário do que pensava o meu encontro com o Pajé foi a maior experiência da minha vida. De fato eu cheguei junto a ele com toda a minha ferocidade de pirata.

Porém, ao defrontar-me com o seu olhar profundo, expressão que nunca tinha visto em toda a minha vida, nos sete mares da Terra, eu me derreti como se fosse gelatina.

De longe gritei para meus homens que trouxessem a arca do tesouro e a coloquei aos pés dele dizendo:

Tome, esse tesouro é seu.

Ele, porém, continuou a me olhar como se nada tivesse ouvido. Senti que estava passando por uma espécie de hipnose que me transformava por dentro. De repente, olhei para o tesouro que havia sido depositado nos pés do Pajé e percebi que ele perdera todo valor para mim. Minha ganância habitual desapareceu como desapareceram muitas coisas da minha mente, muita coisa ruim. Era como se tirassem dela todo o mal que existia.

– Você disse da sua mente. E do seu coração? Não desapareceu o mal?

– Não! Respondeu o Velho Pirata. Não existe mal no coração. A sua estrutura, a formação do coração, do sentimento, vem de Deus e é puro. É a nossa mente que nos desperta para o mal ou para o bem. Todos trazemos no coração o bem que é a Essência Divina. Somos semelhantes a Deus, somos bons. A mente é que polui, deturpa.

Foi horrível – Continuou ele – Meus homens haviam aberto a arca e as jóias que compunham meu tesouro brilhavam e faiscavam a luz do sol. Entretanto, ninguém parecia ligar a menor importância, nem os Aldeões, nem meus homens, e nem mesmo eu. Permanecíamos como que absorvidos na força do olhar do Pajé. Então, eu comecei a me sentir mesquinho, pequeno e ridículo. Eu havia apanhado um punhado de pedras preciosas com a idéia de atrair o olhar do Pajé. Porém, na medida em que o silêncio se prolongava, as pedras iam caindo por entre os meus dedos, e eu me sentia abobalhado, sem saber bem o que estava acontecendo. Ninguém proferia uma palavra e somente a personalidade do Pajé dominava o cenário.

Por fim, o próprio Pajé quebrou o encanto.

– Salve Deus, meu filho – Disse ele.

Entre e sente-se. E eu obedeci automaticamente, sentando-me num banquinho no interior da cabana. Entrei numa espécie de transe e, quando dei por mim, eu senti que estava me transportando. Vi, então, que o Pajé abria uma porta que dava para uma espécie de planície que ia até o horizonte.

– Olhe. – Disse ele – Olhe para o seu passado!

Vi, então, inúmeras cenas de meus assaltos, de meus roubos, e vi também as pessoas que havia despojado de seus bens. Muitos ainda se lamentavam pela falta das coisas preciosas que eu havia roubado. Senti, então, uma enorme tristeza ao ver a prova viva dos meus crimes.

Quando voltei a mim, o Pajé continuava de pé me olhando. Perguntei: – E agora, meu bom Pajé? Que devo fazer de minha vida?

– A primeira coisa é esperar que toda essa gente que você prejudicou pare de vibrar em você.

– Mas, porque tenho que esperar?

– Porque você só irá recuperar a paz de seu coração quando essas pessoas se desligarem, quando se recuperarem dos males que lhes fez.

– Meu Deus! Exclamei. E eu, que destruí também grande parte da ALDEIA!

– É verdade – Continuou o Pajé – Se você quer, realmente, a sua verdadeira paz, terá que permanecer aqui como um prisioneiro, até que tudo se equilibre. Ficando aqui e procedendo direitinho, sua sorte mudará e, então, tudo ficará bem outra vez. Se você tiver sorte, virão cientistas de outro Plano e repararão alguns males que você fez. Veja, por exemplo, aquela cascata que já não corre mais. Só os cientistas do além saberão recuperar o seu mecanismo.

Diante daquela perspectiva, minha alma se rebelou e eu disse:

– E, se porventura, eu me recusar a permanecer aqui como prisioneiro?

– Ora, disse o Pajé, você é livre e pode ficar ou ir. Use o seu livre arbítrio.

Eu, então, respondi que queria apenas a minha paz.

Ele, então, me disse: – Esta ALDEIA é encantada e, mesmo que você tentasse, não conseguiria sair daqui. Os Gênios Encantados não deixariam. As pessoas só saem daqui, quando estão felizes e equilibradas. No fundo, é a sua própria consciência que não o deixaria sair.

– Oh, meu Deus! Gritei com a alma dolorida.

– Quer dizer que o senhor apelou a Deus? Interpelou um dos jovens cientistas.

– Não, eu não apelei a Deus. Eu dei esse grito ao pensar no sofrimento daquelas pessoas a quem eu fizera mal.

– Mas, isso é grande! Gritou o jovem casal de cientistas.

Queremos conhecer esse Pajé tão bom!

Pois não, respondeu o Velho Pirata. Vamos até lá. Mas, teremos que ir imediatamente. Tenho um pressentimento que sua Missão nessa ALDEIA está se acabando!

Puseram-se a caminho da montanha do Pequeno Pajé e ficaram maravilhados. Ele era cheio de rosas e flores variadas. De quando em vez, deparavam com pequenos índios que lhes apontavam suas flechas. Ao reconhecerem o Velho Pirata, eles abaixavam seus arcos e os deixavam passar. Os cientistas não puderam sopitar a sua curiosidade, e perguntaram ao Velho Pirata de onde haviam vindo aqueles Indiozinhos.

Eles são a guarda do Pequeno Pajé. Eles são encantados.

Os cientistas, então, tiveram uma inspiração e disseram:

– Salve Deus! Sejam bem vindos à Tenda do Pequeno Pajé!

Os cientistas notaram a consideração que eles dispensavam ao Velho Pirata, e guardaram as suas perguntas para serem feitas oportunamente.

O encontro dos dois Sábios e o jovem casal foi maravilhoso. O Pequeno Pajé saudou os cientistas dizendo palavras amáveis.

Em seguida, revelou muitos segredos científicos de sua tribo, inclusive alguns que ainda eram mistérios, até mesmo para os mais antigos do Clã. Dentre eles, os cientistas ficaram sabendo porque a cascata parara e, como ele, o Pequeno Pajé tivera que ficar até que aparecesse alguém que a fizesse jorrar de novo.

Agora é a sua vez! Disse ele aos cientistas.

E eles responderam: – Se tudo que você nos ensinou é verdadeiro, nós faremos isso agora mesmo.

– Sim – disse o Pajé – Tudo é verdade e lhes afirmo neste instante:

– Se suas mentes forem limpas, sem qualquer fanatismo, pelo bem ou pelo mal. Se souberem amar cientificamente e distinguir a pequena Estrela. Disseram a uma só voz, os três. E comentaram entre si: quando as chamas crescem, queimam a mais.

– Sim, disse o Pequeno Pajé. Aquela fogueira representa o homem e a Estrela é seu coração.

Quando o homem odeia, ele queima o amor e as chamas se acentuam, ferindo sua própria estrela, seu próprio coração.

Nesta Aldeia vocês encontrarão alívio para todos os males. Neste Velho Pirata vocês encontrarão a Sabedoria acumulada nos seus 200 anos de vida.

A Aldeia Encantada estava silenciosa, quando, de repente se ouviu o barulho da água caindo de novo na cascata. O povo pulou de alegria, mas, logo voltou a ficar quieto quando o Pequeno Pajé veio para se despedir de todos. Sua missão ali estava cumprida. À chegada do Velho Sábio sentiu que toda aquela gente o amava, que a cascata corria de novo e que, apenas ele se distanciara de todos, pois passara para outro Plano!

O Pequeno Pajé, então, tomou um ar solene e, na presença de todo o povo da Aldeia Encantada passou os seus poderes ao antigo Pirata, hoje o Velho Sábio, para que governasse em seu lugar, pois, a partir daquele momento, ele partiria para outras missões em outros mundos.

O Aborto

O ABORTO
 
Certa mãe carregando nos braços um bebê, entrou num consultório médico e, diante deste, começou a lamuriar-se:
 
– Doutor, o senhor precisa me ajudar num problema muito sério. Este meu bebê ainda não completou um ano e estou grávida de novo! Não quero filhos em tão curto espaço de tempo, mas sim num espaço grande entre um e outro.
 
Indaga o médico:
 
– Muito bem... e o que a senhora quer que eu faça?
 
A mulher, já esperançosa, respondeu:
 
– Desejo interromper esta gravidez e quero contar com sua ajuda.
 
O médico pensou alguns minutos e disse para a mulher:
 
– Acho que tenho uma melhor opção para solucionar o problema e é menos perigoso para a senhora.
 
A mulher sorria, certa que o médico aceitara o seu pedido, quando o ouviu dizer:
 
– Veja bem, minha senhora... para não ficar com dois bebês em tão curto espaço de tempo, vamos matar este que está em seus braços. Assim, o outro poderá nascer... Se o caso é matar, não há diferença para mim entre um e outro. Até porque sacrificar o que a senhora tem nos braços é mais fácil e a senhora não corre nenhum risco.
 
A mulher apavorou-se:
 
– Não, doutor!!! Que horror!!! Matar uma criança é crime!!! É infanticídio!!!
 
O médico sorriu e, depois de algumas considerações, convenceu a mãe de que não existe a menor diferença entre matar uma criança ainda por nascer (mas que já vive no seio materno) e uma já crescida. O crime é exatamente o mesmo e o pecado, diante de Deus, exatamente o mesmo
 
LUCHINI.
 
Texto extraído do Expresso Vida nº 28 (03 de Setembro de 2000), adaptado por Mely.

A Morte Devagar

A Morte Devagar
Martha Medeiros

Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

Sobre a autora:
Martha Medeiros nasceu em Porto Alegre em 1961. Formada em Publicidade. Escreveu livros de poesias e de crônicas, seu mais recente lançamento é o livro de ficção: Divã. Martha é cronista do jornal Zero Hora.
Poesia apresentada no programa 97
Os poemas e os textos lidos em "Provocações” são, às vezes, livre adaptação do original, por Antônio Abujamra ou Gregório Bacic. O formato em que se apresentam escritos aqui é apropriado para a leitura em TV e não o seu formato original.
Extraído de:
http://www.tvcultura.com.br/provocacoes/poesia.asp?poesiaid=11


colaboração: José Carlos Polo